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quarta-feira, 16 de janeiro de 2019

saudades daquilo que não sei bem explicar.

Agora eu quero ir para meu ensino médio. eu lembro de minha desconhecimento de algumas crueldades e sinto vontade de ter novamente 16 anos. eu olho para adolescentes com essa idade e me projeto tendo a mesma idade, ou apenas a mesma vontade de daquilo que hoje ja consegui. queria poder sentir o gosto de não ter algumas coisas que hoje tenho, como a visibilidade. eu escrevo com falta de ar. mas o que me falta são esconderijos para meu descanço. lembro que quando mais jovem eu me sentia sozinha e deseja amigos. hoje tenho amigos e descobri nos buzios que a maioria deles me traem. eu queria novamente não saber fazer amigos. eu queria desconhecer estrategias de me afastar daqueles que me invejam. eu queria mesmo era não ter essas pessoas ao meu lado. desejei a faculdade e hoje desejo seu fim. desejo o fim de vários ciclos e tenho medo desse meu finalizar ciclos que não penso no fim por agora; como meu namoro. foi a ultima subidade da ladeira, registrei toda ela. estava sol, era meio da tarde. eu mandei aquelas meninas tomarem no cu no ultimo dia de aula. eu amei por talvez 2 anos meu amigo hetero, e sonhava com nossa transa. geralmente comprava apenas uma calça para usar todo o ano para ir a escola. a joguei fora e agora enquanto escrevo me deu vontade de vestir-la mas antes sentir seu cheiro. uma vez um amigo evangelico me jogou no chão e sujei aquela calça. eu e esse amigo brincavamos muito. acho que juntos conseguimos viver o amor ao proximo. provavelmente não conseguiriamos viver este amor hoje em dia. quando revisito o passo eu lembro do que fui e sinto saudades. tenho saudades de nao ter o dinheiro que tenho hoje. é que naquela época eu não tinha tanta responsabilidade quanto hoje. acho que é isso. tenho saudades de minha segurança e da baixa demanda de responsabilidade que tinha. a responsabilidade era me manter viva. hoje minha responsabilidade é também contribuir para a vida de outras pessoas. tenho saudades de quando eu era mais fraca do que hoje. e mais leve. eu respirava melhor. naquele tempo nunca tive gastrite. hoje escrevo no meio de um tratamento de gastrite. preciso aprender melhor sobre minha força vital. meu instinto. claro que sou grata. mas ainda continuo cansada. sinto saudades daquilo que nao sei nomear. nao sei muito bem explicar. é um cheiro uma corpo e um suo. sinto saudades disso. de quando eu meditava sem saber que eu posso curar pessoas com a minha mao. saudades de minha pele de adolescente. de meu fedor nas axilas. de meu uniforme marcado de desodorante. a saudades é do descaço. do calor que fazia. do horario de verão naquela escola. do fim de tarde e inicio de noite que eu acompanha durante a ultima aula que as vezes era de quimica. eu tenho uns sonhos em que eu apareço como alguem que nao terminou o ensino medio. pode ser isso ne. nao teminei. tenho saudades mas estou cansada. 

A História tem me exigido crueldade

Estou sendo subjetivada em traumas coloniais, pois não deixei meu corpo se adequa à estética que o mundo ocidental me impõe. E sempre que desaprendo gestos conduzidos pela branquitude, e produzo coreografias de liberdade, sou criminaliza. Passo a ser cruel toda a vez que afirmo autonomia frente ao biocapitalismo, e  abdico dos desejos da nação na qual sou despatrializada antes mesmo de ter um corpo; e agora que o tenho, sou impedida de acessar minha força vital em alta intensidade. Eu vivo num território que durante toda sua história me violentou. Habito uma colonia que gosta de nos mortificar antes de nos assassinar. Percebo então que colonização torna-se eficaz quando consegue capturar o corpo, manejando a complexidade de nossas existências à favor a aniquilação de nossa potência vital. É meu corpo-flor o objetivo do extermínio colonial, e é com ele e nele que produzo sobrevivência. Para sobreviver,  assumo-me hibrida de todos os reinos da natureza, e manipulo- na dimensão da ética - essas vidas e matérias, criando assim próteses que produzam segurança e cura à mim e àqueles que colaboram para a perpetuação de nossas vidas. 

quinta-feira, 3 de janeiro de 2019

cartografando minha estratégia poética: conflitos com o corpo-flor

Estou vivendo um confliro ético-estetico com a obra corpo-flor. Não tenho conseguido me encontrar nas materializações que fiz à alguns meses atras, sinto que preciso caminhar em outra direção e ja estou neste outro caminho. A questão é que eu desejo dissolver a materia do corpo-flor, transforma-lo em ar, agua, fogo e terra, sem perder a referência de minha anatomia animal. Tenho pensado muito nos procesos de incorporificação, e enquanto escrevo percebi que talvez minha eu posso assumir as poses daqueles que me protegem durante as fotos. Preciso também aprender a usar maquiagem...
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Abandonei o texto pois tive um insigth e fui produzir uma série fotográfica do corpo-flor. Resultado: