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terça-feira, 24 de julho de 2018

me avisaram que a partir de agora eu nadaria sozinha. pensei: como faço isso, se meus movimentos se produzem em uma coletividade? 

sexta-feira, 20 de julho de 2018

relembrar é viver

Série de panfletos "Relembrar é viver"


#1
Meus bisavós paternos construíram uma casa. Em meu primeiro dia na universidade, um homem branco cantarolou pra mim aquela música da novela "Escrava Isaura": lerê lerê lerê lerê lerê. Toda vez que saio da universidade, tenho vontade de tomar um banho de descarrego, feito com as ervas do quintal daquela casa; que já não é mais nossa.


Diálogos entre memorias de 1996, 2015 e 2018.




#2
Há um mês atras, na praça Costa Pereira, conversei com um vendedor negro de samambaias. Ele carregava pelo menos 10 vasos nas costas, com auxilio de uma vara de bambu. O moço me disse que estava rodando o Brasil vendendo as plantas. Faz alguns anos que não encontro minha mãe. Caso ela apareça vendendo samambaias, eu compro 2 ou 3.

Diálogos entre memórias de 1996, 2007 e 2018. 


#3
Ano passado eu cortei meu cabelo bem baixo. Tive que ter a mesma coragem para deixa-lo crescer. Meu pai me ensinou a me virar sozinha. Contudo, ainda assim decidi pedi a ajuda dele para fazer o corte. Quando meu pai corta meu cabelo, lembro de continuar crescendo.


Dialogo entre memoria de 1996 ate 2018. 

#4
Eu morei no alto do morro da Fonte Grande. Lá de cima, tenho uma linda visão de Vitória. A Fonte Grande é lugar de aquilombamento desde o século XVII. Minha tia-madrinha sempre chegava tarde da faculdade. Os mesmo africanos que a protegiam, hoje me ensinam como desviar de alguns caminhos.

Diálogos entre memórias do século XVII ao ano 2018


#5
Eu nasci de minha mãe e fui criada pela minha avó paterna. O encontro de águas doces com águas salgadas durante um tempo chamou-se Gabriel. Minha avó e minha mãe produziram suas liberdades em temperaturas diferentes. Ainda sinto o sabor de Gabriel em mergulhos nas minhas memórias.



Diálogos entre memórias de 1996, 2015 e 2018.

terça-feira, 10 de julho de 2018

RECUSA

Eu me recuso a me visualizar sem território. Eu abomino a ideia de me pensar enquanto habitante de um não-lugar. Eu não estou fora. Habito a periferia, e por isso constituo-me dentro deste hetero-cistema racionalizado. Estou entre-lugares. Sendo assim, corro e descanso, também, entre vocês. Sou cidadã de uma civilização subalternizada. Sou membro de uma sociedade que foi desmantelada. Estou em um eterno exílio ocidental, pois meu corpo não se adaptou à humanidade ariana. E mesmo que tenta-se, nunca seria reconhecido como tal. Não sou branca, nunca me deixaram ter duvidas disso. E não reivindico esta humanidade genocida. Sou uma fronteiriça nômade: estaciono em limites para tensiona-los, usurpa-los, ultrapassa-los, destruí-los. Ando em manada. Em matilha. Em bando. Somos terroristas. Somos imigrantes em nossas próprias terras, que por ser roubadas de nós, agora nos renega, nos cospe. De onde vem esses colonizadores? E por que ainda não foram expulsos, como fazem comigo?. Integro um grupo de monstras, de bruxas, de feiticeiras, de macumbeiras, de curandeiras, de alquimistas. Somos selvagens-cientistas, inventamos e modificamos gêneros e genitais. Somos pretas-higtech, hackers anti-racistas, implantamos vírus de negritude em maquinas produzidas pela branquidade. Nossos corpos-laboratórios possuem paredes furadas por tiros trocados em guerras coloniais do século XXI; guerras essas que atualizam-se incessantemente em nosso cotidiano. É neles que experimentamos combinações de masculinidades e feminilidades contrabandeadas de países vizinhos. Somos as netas das negras escravizadas e índias infantilizadas. Somos as avós das que hoje comandam o trafico sul-americano de desejos contra-capitalístico. Somos contemporâneas do cyber-racismo. Somos a reencarnação daquelas que todos os dias são assassinadas pelo Estado de exceção.

domingo, 1 de julho de 2018

performance " Plantas que curam" / Morro da Fonte Grande



registros da ação de 3h, realizada no Morro da Fonte Grande. 01 de julho de 2018











No fim do dia, encontro com dona Ana. Benzedeira, que este este ano completa 50 anos de umbanda. Fiquei muito feliz, e honrada em poder conversar com ela. A presentar meu trabalho, e ouvi-la muito mais que fala.