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domingo, 25 de março de 2018

comigo-ninguém-pode





infelizmente, esses foram os registros que eu consegui pegar com as pessoas. A qualidade não tão boa, mas da pra perceber um pouco da ação.
COMO-NINGUÉM-PODE
Vestida de Aroeira, entro num espaço que não fui autorizada a permanecer. Marco o território com um liquido vermelho, feito com folhas de laranja. E, aponto minha Espada de Ogum para quem merece.
Nesta ação, quem mereceu foram os professores brancos do curso de Artes Plasticas e Artes Visuais da UFES. Além dos 3 curadores da exposição "Só se for para o fundo do mar", onde a ação foi realizada. Uma exposição que se propõe a discutir a censura na arte, mas que produziu censura ao criar uma curadoria que privilegiou artistas em detrimento de outros. Uma exposição feita na Galeria de Arte e Pesquisa da UFES, que reuniu 18 obras, sendo apenas 5 delas feitas por artistas capixabas. Exposição feita por curadores que se orgulham em defender a arte contemporânea, mas que são tão retrógrados quando àqueles outros artistas que, supostamente, criticam.

domingo, 11 de março de 2018

WebDOC corpo-flor

Em 2017, fui convocada inúmeras vezes à dizer, gritar e sussurrar sobre mim. De todas essas situações, uma das mais prazerosas foi aquela em que um amigo querido, junto com sua equipe audiovisual, vieram em meu quarto, e me escultaram com atenção. Bem, o vídeo integra a websérie Corpo-flor. Uma série sobre o espectro "bicha preta", que muitas amigas fazem parte. Aquilo que entendo e experiencio como "corpo-flor", deu nome à série pois esta corporeidade é uma justamente uma releitura dessas pessoas que desconformes, que assim como eu friccionam identidades sexuais e raciais. 
Pesquisem por  "Corpo Flor WEBDOC".

sábado, 10 de março de 2018

Carta a outra bixa-preta

Dizer sobre mim, é uma necessidade que geralmente me cansa. Tentar verbalizar sobre como minha corporeidade relaciona-se com as identidades que à compões, é uma tarefa prazerosa e necessária, mas também muito cansativa e as vezes frustante. Por isso, tenho tentado mostrar no próprio gesto como é produzir uma negritude em emancipação, que acostumei nomeá-la de negritude viada; crio muitos videos, performances e fotografias, por exemplo.  
Sou uma bixa preta, que habita a fronteira que sapara e conecta o Brasil à America Latina e à Africa. Venho usando a psicologia e a arte para construir armas de guerra, contra a colonização de meus pensamentos e desejos. Também crio próteses que me ajudam traduzir e atualizar ensinamentos ancestrais, oferecidos por africanos, entidades afro-brasileiras, negros que vivem diásporas diferentes da minha, e sobretudo, daqueles que experimentam junto comigo a despatrialização no Brasil. Há meses tenho repetido à mim, uma frase que ouvi da Beatriz Nascimento, no filme Ori: é preciso lembrar no gesto que não somos mais cativos. E, desde então venho me libertando de masculinidades tóxicas, criadas por uma branquitude delirante, que insiste em patologizar minhas desobediências de gênero e raça. Para isso, ultimamente tenho usando bastante a Arte; como também já fiz com a capoeira e o congo, quando ainda era criança. E sigo debochada, ouvindo da minha avó que estou muito desconforme.

domingo, 4 de março de 2018

Máscaras de Géledes

Os mortos do sexo feminino recebem o nome de Ì yámi Agba (minha mãe anciã), mas, não são cultuados individualmente. Sua energia como ancestral é aglutinada de forma coletiva e representada por Ì yámi Oxorongá chamada também de Ì yá Nia, a grande mãe. esta imensa massa energética que representa o poder da ancestralidade coletiva feminina é cultuada pelas 'Sociedades Gëlèdé', compostas exclusivamente por mulheres, e somente elas detêm e manipulam este perigoso poder. O medo da ira de Ì yámi nas comunidades é tão grande que, nos festivais anuais na Nigéria em louvor ao poder feminino ancestral, os homens se vestem de mulher e usam máscaras  

BARRETTI FILHO. Aulo. O culto dos egunguns no candomblé. Revista Planeta. 1986. (p 01)


A Sociedade Geledé é composta por mulheres acima da idade da menopausa. Elas são consideradas Iya-mi, nossas mães. Como tal são temidas como aje (feiticeiras). As pragas duma mãe são as mais temidas nas sociedades Yorubá. O poder das mulheres mais velhas na Sociedade Yorubá é essencialmente ligado a menopausa. A menstruação é concebida como o poder generativo da mulher. Nessa concepção, o sangue da menstruação leva todas as impurezas perigosas para fora da mulher. 

Quando a menstruação pára, esse sangue é guardado dentro da mulher formando um reservatório de poder antigerativo e anti-conceptivo, ou seja, o poder de destruir, jogar pragas e fazer feitiços.
A Sociedade Geledé é mais forte na região Ketu que estende para os dois lados da fronteira entre o Benin e a Nigéria. 

BRAZEAL. Brian. Unpublished manuscript. Songs of Derision and Invocation. Universidade de Chicago – EUA. 2002. Tradução feita pelo próprio autor. Segundo o autor o título do trabalho em Português quer dizer: “Músicas Yorubás para Insultar e Invocar”.

Referência achada no artigo AS MÁSCARAS AFRICANAS E SUAS MÚLTIPLAS FACES, de Luzia Gomes Ferreira.  http://www.uesb.br/anpuhba/artigos/anpuh_II/luzia_gomes_ferreira.pdf

Contudo, penso que não só o medo da ira de Ì yámi seja respaudo para a produção indumentária desses homens. Visto que, eles se compõe em uma sociedade matriarcal. Sociedades matriarcais africanas não funcionam na mesma logica de poder das patriarcais ocidentais. Ou seja, as relação de respeito aos seus feminimos, não são orientadas apenas pelo medo.


MUSEU AFRO-BRASILEIRO - SALVADOR, BAHIA