Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...

terça-feira, 27 de fevereiro de 2018

MANTO DE COMBATE

"Um capote expiatório é um casaco que descreve em detalhes, pintados ou escritos e com todo tipo de coisas costuradas ou pregadas nele, os insultos que a mulher sofreu na sua vida, todas as ofensas, calúnias, traumas, feridas, cicatrizes". MULHERES QUE CORREM COM OS LOBOS, p.286  

Bem, as mulheres do Clã das Cicatrizes me convocaram a pensar e criar um capote expiatório, que também esteja impresso as afecções alegres, produzidas pelo e no corpo negro diáspórico. 
Com a ajuda da @atelieode, tenho pensado em ervas que me curam e me fortificam. Esse manto de combate e aconchego é feito com arruda, alfazema, aroeira, alecrim, rosa branca e outras plantas. Ele se produz na investigação sobre promoção de saúde corpóreo-psíquica  feita por benzedeiras capixabas.
Fico pensando que, enquanto ele estiver acoplado em meu corpo, estarei protegida contra adoecimentos provocados pela branquidade. Isso é possível?  

ps: ainda em processo de criação  








segunda-feira, 26 de fevereiro de 2018

quinta-feira, 22 de fevereiro de 2018

quarta-feira, 14 de fevereiro de 2018

terça-feira, 6 de fevereiro de 2018

Atlântico negro


O que há de África em Brasil? O que há de Brasil em África? Águas. Águas atlânticas que em sua composição contém afetos e memórias, das travessias africanas em direção a este território que hoje nomeamos de Brasil. Este mar contém desejos sudaneses, bantos e brasileiros de ir e de voltar. Desejos bantos-brasileiros-sudaneses. Contém medo, incertezas, lágrimas de tristeza e de saudades. Este mar é reservatório de um passado que se atualiza cotidianamente em singularidades negras diaspóricas. O Atlântico é negro, e eu me produzo nele.

Sou essa água salgada, que sara feridas de corpos com peles subalternizadas. Sou esse mar poliglota, que grita segredos dos colonizadores, que escuta o clamor dos sequestrados, e que acolhe os negros desamparados; que reclamam da sede de ancestralidade. Meu corpo é transatlântico, intersecciono bairros, cidade, países e continentes. Minha etnia é diaspórica, sou uma banto-capixaba-brasileira. Sou negra, sou bixa, sou latina. Sou uma bixa-banto-brasileira. Meu corpo é aquático e fronteiriço, hábito a fronteira entre África e Brasil: o mar.

O mar sentiu o peso dos navios negreiros repletos de africanos sequestrados, roubados, raptados. E é neste mesmo mar atlântico onde, na terceira diáspora, criam-se negritudes emancipadas de traumas e desejos coloniais. O mar é a máxima expansão da água que nos compõe.

Todo negro precisa saber nadar, para compreender a diferença entre náufrago e mergulho.

domingo, 4 de fevereiro de 2018

OUÇO O MAR

O que o mar tem a me dizer sobre as travessias africanas feitas em direção ao Brasil? Quantos litros de lágrimas de corpos negros misturaram-se à esta água salgada? Quero ouvir do mar sobre o peso dos navios negreiros, que se alterava sempre que um sequestrado africano era jogado em águas atlânticas. Também me interesso sobre o peso dos barcos repletos de negros refugiados; contemporâneos à mim. É  essa água que constitui meu corpo diaspórico negro-bixa. Mar, grita-me os silenciamentos, aqueles que ainda são produzidos por colonizadores. E diga-me, por favor, a melhor rota que me leva à ilhas de liberdade. 

FOTOGRAFIA: Rodrigo Jesus


quinta-feira, 1 de fevereiro de 2018