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segunda-feira, 15 de outubro de 2018

"como sobrevivo aqui"

Eu criei um local seguro e fiz de mim um corpo capaz de falar e se ouvir. 

Registros de ação e instalação executada no Valongo - Festival Internacional da Imagem. 



Quem estiver em Santos/SP, venha me visitar! O festival acontece até amanhã 💕😍🍃 O trabalho esta acontecendo num container que foi instalado no meio da Praça Rui Barbosa



Instalação “como sobrevivo aqui”, 2018
6 m²

Técnica:
cadeira de madeiras e de metal, terra, madeiras velhas coletadas pela cidade de Santos.
6 monóculos, prateleiras, máscaras de papel machê, máscara de madeira, máscara africana com
técnica singular, couro animal, prótese de barbante, fotografias, altar, próteses de cerâmica, incenso,
caixa de madeira e de vidro, santinhos, porta retratos, colares, garrafas de chá, potes pomadas,
frascos de perfumes, concha de bronze dourada, aneis, esculturas das entidade  Preto Velho e Nega Velha.
vela de sete dias, vazo com pimenta vermelha viva, e vaso com arruda.

Instalação executada no Valongo - Festival Internacional da Imagem.













terça-feira, 11 de setembro de 2018

cartografias da obra Comigo-ninguém-pode

Coloquei um vazo com plantas vivas dentro da galeria da Casa Porto das Artes Plásticas. A planta - assim como meu corpo -  não é arte, pois sua matéria antecede e independe da existência deste campo de saber. Mas, a manipulação dessas vidas pode vir  a ser arte. Cabe ao sujeito artista que produz a manipulação escolher utiliza-la com/como ferramentas da arte, e eu decide que sim. 

Escolhi trabalhar minha efemeridade dentro de um espaço que almeja assegurar a infinitude de seus objetos; não sou um objeto, como então sobrevivo neste território?  Me comprometi em, durante 3 meses, criar condições que assegurem a sobrevivência dessas vidas; a minha e a das plantas.  Tenho então convocado amigos a me ajudarem a retirar e recolar a vida dentro da galeria. 

Toda semana a planta é retirada do cubo branco, pois a biologia e a História da Arte me alertam que as galerias ainda são ambientes que paralisam os movimentos de expansão e modificação que produzem vida; galerias são cemitérios. Com esses deslocamentos, a planta/vida tem interferido na arquitetura que a mortifica, produzindo desconforto em sujeitos e reterritorializações na expografia. 

Ao ocupar a galeria com vida de meu corpo-flor, tenho aprendido um pouco mais sobre criação de espaços perecíveis de liberdades e espaços de liberdades perecíveis. 












segunda-feira, 20 de agosto de 2018

Cartografando minha poética: o que tem sido o corpo-flor?



o que tem sido o corpo-flor? 

Em 2016 decidi nomear de "Corpo-Flor" parte de minhas pesquisas e experiências sobre e com corporeidades que, assim como eu, desmentem e desnaturalizam essencialismos identitários.  Amparada pela pergunta "o que pode um corpo?", iniciei cartografias de minhas tentativas de responder com o meu corpo próprio corpo, esta questão. Desde então, venho mergulhando na complexidade de minha existência, matéria essa que nutre e é nutrida pelo Corpo-flor.  Este corpo(-flor) é então um compilado de possibilidades de mim, aquelas que venho desejando, descobrindo e fabricando.  

Corpo-flor sou eu e todas aquelas pessoas que tem desaprendendo junto comigo os modos institucionalizados de usarmos nossos membros, órgãos, cavidades e tudo que se produz em nossas bio-química. Nesta pesquisa, apresento uma anatomia e genética que possibilita que plantas nasçam por todo este corpo. Plantas medicinais, usadas para cura, e também venenosas, utilizadas para crueldade que a história tem me exigido a ter. Plantas de benzimento, macumbaria, feitiçaria e bruxaria. Corpo-flor é um reacoplamento entre corpo humano e natureza. Nele, faço uma atualização e também desistência de humanidades. 

Em minhas investigações, percebi, me assustei e me encantei com a condição de efemeridade que delimita a vida. E, é nesta potência do perecível que tenho apostado com minha pesquisa Corpo-flor. Este corpo possui estéticas efêmeras,  que são constituídas cotidianamente em afecções tristes e felizes. Mas, nada há de inédito neste corpo, o que existem são restos, traduções e aperfeiçoamentos. 

Corpo-flor subjetiva-se em  experiencias e desejos nomeados de primitivos. Tal corpo possui uma vida hibrida de temporalidades e territorialidades. Há nele uma confluência de geografias, afetos geográficos e identidades que são territorializadas. Corpo-flor é negro, é bixa, é afro-brasileiro, é ancestral, contemporâneo, tribal, urbano. Corpo-flor é um local de memória. É com ele que investigo em etnias africanas, na história da minha família, e em demais aquilombamentos brasileiros, elementos estéticos e saberes ancestrais que me ajudarão a continuar me produzindo em uma negritude de liberdade.



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Instalação " Comigo-Ninguém-Pode"

Como produzir um corpo capaz de sobreviver às crueldades que o infeccionam de angustias e desesperanças?
Na tentativa de responder tal pergunta, fiz de mim um corpo-flor, e criei para mim uma prótese formada apenas com ervas quentes.
Percebi que a temperatura das plantas alteraram minha matéria, e fez dela acolhedora e perigosa. Tornei-me capaz de provocar queimaduras e aconchegos.

Bem, durante a exposição Territórios Internos, cuidarei dessas plantas. Compreenderei as limitações que compõe suas existências, e as condições que garantem sua vida. Assim, assegurarei que meu corpo-flor continue sendo nutrido de liberdade.

Titia, Prima-irmã e Vovó. 










Instalação " Comigo-Ninguém-Pode", que integra a exposição Territórios Internos. 


Territórios Internos é composta por obras de artistas, sobretudo, capixabas, visando ampliar o diálogo sobre as poéticas relacionadas ao corpo na contemporaneidade. 
Participam com trabalhos em diversas linguagens os artistas Bárbara Cani, Herbert Baioco, Cristiane Reis, Natalie Mirêdia, João Victor Coser, Geovanni Lima, Castiel Vitorino, Marcus Vinicius, Carla Borba e Rubiane Maia. 
Haverá ainda apresentações de performances com Natalie Mirêdia, Amora Gasparini, Underground Funkers e Julia Muniz durante o período expositivo. 

Serviço: Exposição coletiva Territórios Internos
Abertura: 09/08/2018 às 19h às 22h
Visitação: 10/08/2018 a 03/11/2018
Terça a Sexta das 13h às 19h e aos Sábados das 10h às 14h. Fechado nos feriados.
Programação completa:
https://goo.gl/cytHUN
Projeto idealizado e organizado pelos artistas Natalie Mirêdia e João Victor Coser.
Apoio: Funcultura, Secretaria Municipal de Cultura e Prefeitura Municipal de Vitória – ES.

domingo, 5 de agosto de 2018

Espadas da “A história tem me exigido crueldade”, 2018

Objetos da série escultórica “A história tem me exigido crueldade”, 2018
Dimensões: variam entre 30cm à 35cm

Técnica: escultura feita de cerâmica esmaltada













Amuletos, da série "A história de me exigido crueldade"

“Amuletos” (objetos) da série escultórica “A história tem me exigido crueldade”, 2018
Dimensões: variam entre 7cm à 13cm
Técnica: esculturas feitas de cerâmica esmaltada, vidro colado com cola epóxi.

experimentação das peças em meu corpo. 

 experimentação das peças em meu corpo. 




 experimentação das peças em meu corpo. 



terça-feira, 24 de julho de 2018

me avisaram que a partir de agora eu nadaria sozinha. pensei: como faço isso, se meus movimentos se produzem em uma coletividade? 

sexta-feira, 20 de julho de 2018

relembrar é viver

Série de panfletos "Relembrar é viver"


#1
Meus bisavós paternos construíram uma casa. Em meu primeiro dia na universidade, um homem branco cantarolou pra mim aquela música da novela "Escrava Isaura": lerê lerê lerê lerê lerê. Toda vez que saio da universidade, tenho vontade de tomar um banho de descarrego, feito com as ervas do quintal daquela casa; que já não é mais nossa.


Diálogos entre memorias de 1996, 2015 e 2018.




#2
Há um mês atras, na praça Costa Pereira, conversei com um vendedor negro de samambaias. Ele carregava pelo menos 10 vasos nas costas, com auxilio de uma vara de bambu. O moço me disse que estava rodando o Brasil vendendo as plantas. Faz alguns anos que não encontro minha mãe. Caso ela apareça vendendo samambaias, eu compro 2 ou 3.

Diálogos entre memórias de 1996, 2007 e 2018. 


#3
Ano passado eu cortei meu cabelo bem baixo. Tive que ter a mesma coragem para deixa-lo crescer. Meu pai me ensinou a me virar sozinha. Contudo, ainda assim decidi pedi a ajuda dele para fazer o corte. Quando meu pai corta meu cabelo, lembro de continuar crescendo.


Dialogo entre memoria de 1996 ate 2018. 

#4
Eu morei no alto do morro da Fonte Grande. Lá de cima, tenho uma linda visão de Vitória. A Fonte Grande é lugar de aquilombamento desde o século XVII. Minha tia-madrinha sempre chegava tarde da faculdade. Os mesmo africanos que a protegiam, hoje me ensinam como desviar de alguns caminhos.

Diálogos entre memórias do século XVII ao ano 2018


#5
Eu nasci de minha mãe e fui criada pela minha avó paterna. O encontro de águas doces com águas salgadas durante um tempo chamou-se Gabriel. Minha avó e minha mãe produziram suas liberdades em temperaturas diferentes. Ainda sinto o sabor de Gabriel em mergulhos nas minhas memórias.



Diálogos entre memórias de 1996, 2015 e 2018.