Universidade Federal do Espirito Santo
Trabalho final da disciplina Escultura I - Artes Plásticas
Artistas: Ana Luiza Pio, Castiel Vitorino, Heitor Amorim e Rômulo Alcântara
DEGELO TROPICAL
É
de um saber comum a alta velocidade de descongelamento num país tropical, mas
por que esta velocidade parece diminuir e este processo se estender quando
paramos para observá-lo? O quão sensível estamos para os processos ao nosso
redor? A entropia, é
uma grandeza termodinâmica que mensura o grau de
irreversibilidade de um sistema, encontrando-se geralmente associada ao que
denomina-se por desordem, diz respeito a
um movimento de caos irreversível, de uma degradação naturalmente imposta a
materiais orgânicos e inorgânicos, animados ou inanimados.
A
formatação final do trabalho nasce da experimentação e do improviso, da
utilização de objetos do cotidiano e por uma escolha rápida, pensando na melhor
solução para aquele momento com ferramentas ao alcance das mãos. Elementos como
cor, pixel, reflexos e som, que não deveriam ser utilizados na ideia inicial,
ganham força de expressão, gerando uma imagem atraente que chama a atenção de quem
vê, convidando o olhar a observar aquela cena lenta de movimentação quase
imperceptível, porém rápida, levantando a questão da percepção do tempo e como
nos relacionamos com ele.
Esta percepção do tempo se
faz presente nos processos entrópicos, na forma e condições em que cada
material se degrada, se transforma, seja mudando sua fase ou adquirindo novos
arranjos químicos. O vídeo expõe este processo, evidenciando a alta velocidade
com que o gelo sofre sua mudança de fase quando comparado com o arame de
alumínio e sua lenta oxidação. Lenta? Da física temos o referencial, tudo
depende do ponto que escolhemos como referência, portanto, o quão lento seria o
processo do alumínio quando comparado ao do diamante? Conseguiríamos observar
tais processos? Essa relação dialética entre os extremos de degradação se torna
possível através da percepção do tempo.
O vídeo se relaciona com o
espaço tendo sua projeção deslocada próximo ao chão, em que sua base se
encontra na aresta entre o piso e a parede, levantando a questão sobre a janela
e o espaço metafórico presente nas artes visuais. A projeção com tais
características rompe com a ideia desta janela recorrente em arranjos que
utilizam a moldura como composição, a projeção assim inserida no ambiente faz
com que o indivíduo o perceba de forma diferente, estando no mesmo espaço da
projeção podendo até mesmo alterá-la ao ficar diante dela, minimizando assim a
ideia janela metafórica.
Assim, o resultado final
materializa essa desorganização na medida em que mostra o processo de
degradação, não apenas de um dos materiais do objeto ali construído, mas também
de seu conjunto. Também trazendo a discussão sobre a tradição e composição das formas em
que as obras artísticas são expostas, questionando a relação do espaço metafórico
nas artes visuais.
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