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sábado, 10 de março de 2018

Carta a outra bixa-preta

Dizer sobre mim, é uma necessidade que geralmente me cansa. Tentar verbalizar sobre como minha corporeidade relaciona-se com as identidades que à compões, é uma tarefa prazerosa e necessária, mas também muito cansativa e as vezes frustante. Por isso, tenho tentado mostrar no próprio gesto como é produzir uma negritude em emancipação, que acostumei nomeá-la de negritude viada; crio muitos videos, performances e fotografias, por exemplo.  
Sou uma bixa preta, que habita a fronteira que sapara e conecta o Brasil à America Latina e à Africa. Venho usando a psicologia e a arte para construir armas de guerra, contra a colonização de meus pensamentos e desejos. Também crio próteses que me ajudam traduzir e atualizar ensinamentos ancestrais, oferecidos por africanos, entidades afro-brasileiras, negros que vivem diásporas diferentes da minha, e sobretudo, daqueles que experimentam junto comigo a despatrialização no Brasil. Há meses tenho repetido à mim, uma frase que ouvi da Beatriz Nascimento, no filme Ori: é preciso lembrar no gesto que não somos mais cativos. E, desde então venho me libertando de masculinidades tóxicas, criadas por uma branquitude delirante, que insiste em patologizar minhas desobediências de gênero e raça. Para isso, ultimamente tenho usando bastante a Arte; como também já fiz com a capoeira e o congo, quando ainda era criança. E sigo debochada, ouvindo da minha avó que estou muito desconforme.

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