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sexta-feira, 14 de abril de 2017

Resquícios de um corpo-flor

Eu tenho um corpo de um futuro utópico, e de um passado ainda intacto. Um corpo onde as temporalidade misturam-se, se diluem e materializam-se em outra concepção de presente. Meu corpo é contemporâneo, pós e pré. Eu sou uma espécie extinta, em desenvolvimento.
Habito uma raça que nunca existiu. Transito em gêneros que já foram superados. Minha pele é preta e fértil. Nela brotam flores nunca catalogadas. Todos os meus órgãos provocam-se orgasmos. Pratico comportamentos contrassexuais.
Eu tenho um corpo impossível. Um corpo selvagem, feito de sangue, néctar e pólen. Um corpo civilizado, consequência de falhas tentativas de melhoramento genético. Um corpo singular, que foge da máquina que produz subjetividades panópticas, mas que volta para habitar fissuras que ele mesmo abre nessas realidades imperfeitas.






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