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segunda-feira, 23 de janeiro de 2017

Pele de Intensidades

Esta pele foi retirada de um corpo que não precisa mais dela. Um corpo que deixou de ser carente. Que não mais clama por um prazer que preencha sua falta infinita. 

Esta pele pertenceu a um corpo organizado pela química e pela biologia, que estabeleceram uma hierarquia de poder entre seus órgãos que, outra, eram apenas órgãos. Um corpo castrado. Docilizado. Capturado. Racializado. Higienizado. Um corpo sintetizado ao que decidiram chamar de órgãos sexuais. Esta pele pertenceu a um corpo que decidiu se desorganizar. que revoltou-se contra as funcionalidades despotencializantes dadas aos seus órgãos. Um corpo que, ao perceber que estava sendo transformado em uma maquina produção capitalística, resolveu banhar-se de seu próprio sangue e, em meio a dor, medo e desejo, se desconfigurou. Produziu curto-circuito neste sistema criado pelas ciências.  Este corpo destruiu suas as formas. Cortou as ligações existentes entre sua materialidade e as almas criadas pelas religiões e pelas psicologias. Cansou de ser submisso. Esta pele pertenceu a um corpo que deu adeus aos seus órgãos, transformando-se em um Corpo sem Senhas. Um Corpo sem Nó. Este corpo decidiu encontrar a resposta para a pergunta: eu precioso deste corpo? 

E desde então tem circulado por territórios instituídos afim de torná-los instituintes. É um corpo que está se produzindo em um campo de imanência. Um corpo que encontra-se em uma autopoiese com a vida. Permitindo-se afetar e ser afetado. Transformado-se em um corpo de intensidade. 

Esta pele pertenceu a um corpo atualmente livre de significações ou representações. Um corpo que não se traduz. Um corpo que criou para si novas esculturas de desejos. Novos arranjos intensivos. Um corpo que atualmente enxerga com os ouvidos e ouve com os pés. Se desloca com suas mãos. E fala através dos olhos. Esta pele não foi retirada de um corpo que não precisa mais dela. Na verdade, foi ela quem entendeu que não precisa mais dele. De um corpo. 

[obra finalizada na data 18 de Janeiro de 2017]









Ultimas obras







Cartografando minha estratégia poética. 2

Uma foto publicada por Castiel (@gartthion) em



Eu não quero ter a autoridade de dizer quando minha obra está ou não finalizada. Assim como não quero que ninguém tenha esse poder sobre minha produção. Para minhas obras, desejo metamorfoses. Que seus processos estejam sempre em movimento e nunca estacionados. 

Então, uso materiais orgânicos, produtos perecíveis , justamente para alcançar este meu objetivo de fazer com que as obras esteja sempre mudando, borbulhando, transformando-se. Transformações que não serão conduzidas apenas por mim. Muito menos somente por seres humanos. Existem outros elementos, outros fatores que iram influenciar suas metamorfoses. Fatores como temperatura e umidade do espaço onde ela ficará. E também a exposição ou não ao sol. 

Farinha de trigo, água, flores naturais, vinagre, cola branca, gesso: esses são alguns materiais que tenho usado utilmente. Recentemente descobri como fazer uma massa entre cola branca, água, farinha de trigo e um pouco de vinagre, e é ela que venho usando em meus trabalhos. Ao longo de seu processo de secagem, ela pode ficar uma cor mais amarelada com pontinhos amarelo escuro, ou ficar mais clara, quase branca. Assim como, acredito que se ela estiver em um ambiente úmido, com o tempo poderá adquirir bolô. Existe também uma estratégia para secar as flores. Cada uma possui uma posição específica para ser posta para secagem, isso se eu quiser preservar sua forma e cor.

Eu uso esses materiais pois quero que o admirador e o comprador tenha uma nova relação com a arte. Uma relação que, o objetivo primeiro não é eterniza-la e sim se afetar por ela. Essa é a minha prioridade. Quero que quem tiver contato com estes objetos, queira cuidar deles. Estuda-los no campo do sensível. Investigar seus processos de degradação e conservação. Eu quero que minha pesquisa continue para além de mim. Quero ser um artista que inicia, e não que finaliza. E, não quero que ninguém tenha uma relação de posse com estas obras, e sim de companheirismo. 

terça-feira, 10 de janeiro de 2017

sábado, 7 de janeiro de 2017

Podando um corpo - Video

O corpo que foi podado é do poeta Jesus R, também conhecido como Universo Periferico. 
Leia seus poemas acessando seu tumblr: https://universo-periferico.tumblr.com/
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