Essas blusas foram criadas entre o final de 2015 e o inicio de 2016. Desde o inicio da produção eu as imaginei em uma galeria. O desejo de expor em um espaço artístico higienizado é produto de um outro maior: questionar esse espaço. Minha presença, como pessoa negra, por si só já só um ato politico.
Então, meu amigue Napê me falou sobre um edital que estava rolando e que qualquer um estudante da minha faculdade poderia participar. Me inscrevi, e passei!!! Vou expor essas duas camisas/obras.
Logo a baixo eu deixo o conceito delas. Esse texto foi o mesmo que enviei para a equipe da galeria.
Então, meu amigue Napê me falou sobre um edital que estava rolando e que qualquer um estudante da minha faculdade poderia participar. Me inscrevi, e passei!!! Vou expor essas duas camisas/obras.
Logo a baixo eu deixo o conceito delas. Esse texto foi o mesmo que enviei para a equipe da galeria.
***
TENCIONAMENTOS
Para além de um cruzamento entre arte e indumentária. As peças falam
sobre uma "reestetização do pensar". Uma nova forma de pensar, e
consequentemente produzir arte. Uma arte que se afirma em outras
possibilidades de técnicas, formas, matérias e provocações. Uma arte que desterritorializar o conceito de arte.
A arte fala necessariamente sobre sujeitos, logo, ela representa corpos.
Corpos que produzem e são produzidos. A roupa, então, podendo ser categorizada
como uma segunda pele, que recobrindo a primeira (biológica) formará a
aparência final de uma pessoa, consegue transcender sua categorização de
representação, na medida em que coloca-se como parte do corpo ou uma extensão
dele. Mas, o que nos assegura que o corpo não pode ser lido como a própria
extensão de tudo aquilo que o atravessa cotidianamente? É necessário pensar
sobre quando o corpo assume a posição de extensão de um vestuário, pois, se o
corpo é arte, a roupa também é. Portanto, qual é o limite entre o corpo e a
arte e o que separa a arte da roupa, visto que está é a materialização de um
corpo? Um corpo dessemelhante e, portanto, múltiplo.
As obras foram criadas através da perspectiva dessa multiplicidade que
constituem nossos corpos. Multiplicidade que na obra apareceu em relação às
técnicas e aos materiais; foi usada a costura, o bordado (bordei os desenhos do artista Samuel Saboia, também conhecido como Nymphesit ), a colagem - com cola
especial para o material no qual ela iria ser usada -, a pintura em aquarela.
Assim como tecidos de algodão, itens de metal, plástico e borracha. Feito
todas as intervenções no tecido base, por fim eu o revesti com um plástico
transparente.
As peças foram criadas com o objetivo de assumirem uma forma semelhante
a uma pintura em tela que se encontra emoldurada, protegida por um vidro transparente
e pendurada na parede de algum museu ou galeria de arte. Visualizei esses
espaços na hora da produção, pois almejava também, problematizar a institucionalização
da arte, que faz com que ela só legitime-se quando está sendo exposta em
determinados espaços. Quis mostrar que o sistema Moda não podem ser resumido à futilidades. Que a indumentária é capaz de está presente também nesses espaços, pois sua criação fala de um processo artístico.
Com influencias dos estilistas holandeses Viktor Horsting e Rolf Snoeren ( em seu trabalho conjunto na marca Viktor & Rolf), visualizei pessoas vestindo quadros de pintura. Com isso, usei o plástico para representar o vidro. E tudo que esta por baixo dele, se apresenta como a tela e a pintura.
Com influencias dos estilistas holandeses Viktor Horsting e Rolf Snoeren ( em seu trabalho conjunto na marca Viktor & Rolf), visualizei pessoas vestindo quadros de pintura. Com isso, usei o plástico para representar o vidro. E tudo que esta por baixo dele, se apresenta como a tela e a pintura.
As obras se comportam basicamente como um
dispositivo que tentará provocar no publico questionamentos sobre os tensionamentos
que configuram os limites entre arte, vestimenta e corpo humano.
Castiel Vitorino
+LINKS